sábado, 7 de março de 2015

MULHERES CARIOCAS DOMINAM O FUNK ATUAL

Mesmo para quem não acompanha o funk, é fácil perceber que as mulheres dominaram o ritmo nos últimos anos. E, apesar de existirem funkeiras de sucesso vindas de várias partes do Brasil, são as cariocas que estão no topo, lotando shows, vendendo milhões de CDs e influenciando muita gente.

A cantora Valesca Popozuda, um dos maiores nomes do funk, ganhou status de diva pop com a nova fase de sua carreira e alcançou números exorbitantes. O vídeo de Beijinho no Ombro, por exemplo, custou R$ 500 mil e conta com mais de 45 milhões de visualizações na internet. Para Valesca, a mudança do funk, que se tornou mais pop com o tempo, é natural.


— O nosso funk vem crescendo cada vez mais e é claro que, se você gosta do que você faz, tem que acompanhar isso. Não quero ficar só no Rio de Janeiro, que é a nossa casa. O funk muitas vezes toca primeiro nas comunidades, nas rádios comunitárias, e só depois vai para as rádios, para as TVs e começa a rodar o Brasil todo. A mistura de ritmos com o funk é o reflexo do sucesso em tantos lugares diferentes.

Ludmilla, que tem mais de 2 milhões de fãs nas redes sociais, diz que o funk conquistou fãs fora do Rio de Janeiro porque tem “a cara do Brasil”.

— Somos um povo alegre e o funk nos traz isso: alegria e diversão. O funk é cria do Rio, por isso acho que temos um amor tão especial por esse ritmo, fazendo ele bombar em todos os lugares. O funk é uma liberdade de expressão sem ofensas, na minha visão.


Mulheres no poder.

E enquanto ainda há quem enxergue o funk com preconceito, as funkeiras buscam cada vez mais lutar pelos direitos das mulheres. EmBla Bla Bla, Anitta fala sobre dançar livremente, sem se preocupar com o que um rapaz vai dizer e usa frases como "mas vê se abaixa o tom, você não manda em mim". O sucessoShow das Poderosas também tem uma pegada feminista, de reafirmar a força da mulher e foi uma das primeiras canções com a temática que ganharam o País.

Valesca também fala sobre a autonomia da mulher em Tá Para Nascer Homem Que Vai Mandar em Mim, como o próprio título já entrega.

— Mulheres no poder! A gente leva uma mensagem de que a mulher pode tudo, como eu digo na minha música Eu Sou a Diva que Você Quer Copiar. Não é que eu seja a mulher que as pessoas querem copiar. Eu digo que a mulher pode ser diva a qualquer hora, momento e lugar. Eu sou feminista, sim, porque defendo a liberdade das mulheres, o direito delas de fazer o que bem entenderem com as suas vidas.

A estreante Lexa, também carioca, é a maior aposta do funk neste ano. A cantora diz que se sente lisonjeada de fazer parte dessa luta feminista usando a música.

— Eu tenho orgulho, porque a cada dia que passa a mulher mostra mais que é dona de si, confiante, bem resolvida. É uma quebra de paradigmas. A evolução é isso, é você aprender cada vez mais com o que já aconteceu. Infelizmente, ainda existe muito preconceito com a mulher no funk.

Funkeira contra funkeira?

As comparações e supostas brigas entre cantoras não são exclusividade do mundo pop, como vemos em rixas entre Madonna e Lady Gaga, Katy Perry e Taylor Swift, Claudia Leitte e Ivete Sangalo. No funk, isso também acontece. No entanto, até que ponto existe mesmo rivalidade? Apesar de nos bastidores rolarem comentários sobre brigas constantes e muito "climão", Valesca garante que não há estranhamento.

— É fácil você jogar uma mulher contra a outra, né? Em vez de valorizar, incentivar a união, a parceria. Vê se alguém fala de rivalidades entre cantores homens? Tem um povo que acha que a gente se incomoda porque surgiu uma funkeira nova, por exemplo. Jamais! Eu acho que elas só chegam para somar, para o nosso movimento crescer cada vez mais e com as mulheres sempre no comando, né? [risos].

O primeiro sucesso de Lexa é Posso Ser, música que também mostra a mulher como dona de sua própria vida, escolhendo com quem quer ou não ficar. Aposta do escritório responsável por fazer Anitta virar um fenômeno, Lexa concorda com a posição de sua "madrinha" Valesca.

— Todas ralamos muito para chegarmos aqui. Eu ainda estou em construção [risos], estou caminhando, mas eu admiro todas. É até bom, porque quanto mais entra uma galera nova, mais o funk vai crescendo.

Ludmilla faz coro com as colegas e diz que as funkeiras ajudam a quebrar preconceitos e compartilha uma história de sua amizade com Anitta.

— É muito importante que nós, mulheres, mostremos nossos valores, para que possamos nos fortalecer mais na sociedade. A Valesca é uma fofa, recentemente fiz um show com ela que bombou. Anitta também é uma querida, outro dia estávamos no mesmo voo e, enquanto ela dormia, coloquei a ponta do papel no ouvido dela e ela acordou assustada achando que era um bicho [risos], mas é claro que depois rolou a revanche e ela fez isso comigo enquanto eu dormia também. Foi muito engraçado!

Com muito bom humor, Valesca revela o que é preciso para ser, assim como ela, Ludmilla, Lexa e Anitta, uma verdadeira diva.

— Ser diva é ser autêntica, é ser você mesma e o resto que se dane. O funk é dominado por mulheres, então os homens podem vir também, mas fiquem ali na janela, porque a porta é nossa [risos].


Fonte: R7

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