BANDAS DE FORRÓ APOSTAM EM HITS INTERNACIONAIS

Aviões do Forró gravou uma versão de "Baby, baby", de Justin Bieber.

Há tempos que o forró não se inspira apenas no cenário do Sertão nem só na vida do sertanejo. Ao triângulo e à sanfona, se juntaram os metais e influências latinas e do country e rock norte-americanos. A música internacional é referência de muitas bandas estilizadas, como Aviões do Forró e Calcinha Preta. E essa influência gringa é, frenquentemente, expressada em regravações de hits estrangeiros em ritmo de forró. Só a Calcinha Preta gravou mais de 25 versões. "É um mercado interessante para o estilo da Calcinha Preta. Como a banda não faz sem ser autorizada, a gente tem várias versões não-gravadas", diz Eulina Dória, produtora do grupo.

"Eu acho que (a aposta das bandas em versões) tem ligação forte em criar uma tonalidade local nas músicas que já são conhecidas pelo público. Uma coisa dentro do formato do forró elétrico, que é a sensação de cantar junto, dançar", comenta o pesquisador do Programa de Pós-Graduação de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jeder Janotti Júnior.

Janotti lembra que o fenômeno de transformar músicas de fora em versões não é algo somente do forró: "Está conectado a um tipo de música pop". Para ele, a canção Danza Kuduro é um exemplo. Originalmente na voz do portorriquenho Don Omar, a música ganhou versão brasileira e virou sucesso na trilha sonora do folhetim Avenida Brasil (TV Globo).

"É um público que, não é que não entenda o inglês, mas você coloca as palavras para o público no mundo dele", acredita Eulina Dória. O último lançamento da banda Calcinha Preta foi uma música de Bruno Mars. It Will Rain foi "traduzida" na versão em português Faço chover.

Já das vozes de Solange Almeida e José Alexandre, da Aviões do Forró, surge a versão de Baby baby, hit conhecido, principalmente, pelo público jovem na voz do canadense Justin Bieber. Janotti reforça que a aposta em músicas que já são sucesso "serve para ratificar a coisa de apostar em algo que não vai dar errado. É uma música que se sabe que a pessoa vai cantar".

Isso é legal?

Se um artista brasileiro utiliza uma música internacional para fazer uma versão, deve pedir autorização prévia ao titular dos direitos sobre a música originária. "A falta dessa autorização configura ilicitude (ilegalidade)", explica o mestre em Direito Civil, com ênfase em Direitos Autorais, Almir Bezerra Filho. "Embora possam ser consideradas obras novas (derivadas) dependem da autorização do titular dos direitos das músicas originárias, o que nem sempre acontece", continua.

As versões das bandas de forró de músicas populares internacionais não são plágio, de acordo com o mestre. "A meu ver, a ideia de plágio não se aplica às versões de músicas internacionais. Isso porque o criador da versão se apresenta como criador da própria versão, e não como criador da música originária". A editora da banda Calcinha Preta diz que só são gravadas músicas que têm autorização legal dos artistas. Forever, da banda Kiss, vira Pra sempre, e Without you, de Badfinger, é Paulinha. Confira uma lista de versões de músicas internacionais feitas por bandas de forró. Agora estou sofrendo - Calcinha Preta (versão de Bleeding heart, de Angra)

Diz pra mim - Aviões do Forró (versão de Just give me a reason, de P!nk)




Pra sempre - Amor e Malícia (Forever, de Kiss)




Paulinha - CalcinhaPreta (Without you, de Badfinger)




Meu mundo sem Você - Noda de Caju (My immortal – Evanescence)




O navio e o mar - Calcinha Preta (Send me an angel – Scorpions)




Único amor - Calcinha Preta (One – U2)




Faço chover - Calcinha Preta (It will rain, de Bruno Mars)




Blá, blá, blá - Aviões do Forró (Torn, de Natalie Imbruglia)




Baby baby - Aviões do Forró (Baby baby, de Justin Bieber)