Ela começou cedo. Com apenas cinco anos, Nilze Carvalho foi flagrada pelo irmão tocando “Acorda Maria Bonita” no cavaquinho. A partir daí, o amor pela música só cresceu e ela não parou mais. Considerada um dos nomes da nova geração do samba, a instrumentista e cantora vem dos palcos da Lapa direto para Belém e se apresenta hoje no Maricotinha. Nilze conta que o pai era músico de sopro e, ao conhecer pessoas no samba, ganhou um cavaquinho e as crianças da casa começaram a brincar com o instrumento. “Eu fui tirando um som. Meu pai percebeu a intimidade e foi me ajudando. Como ele também não tinha estudado cavaquinho, fomos aprendendo juntos”, conta. Com seis anos, sua carreira já tinha começado. Se apresentou em público na Rádio Solimões, na extinta TV-Rio, com João Roberto Kelly, e no Fantástico, da TV Globo. Dos 11 aos 14 anos, gravou como bandolinista sua primeira série de LPs: “Choro de Menina” em quatro volumes, acompanhada pelo conjunto Época de Ouro no primeiro e no quarto discos. Inspirada por Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo, Nilze também fez carreira no exterior. Aos 15 anos, começou a fazer turnês pela Itália, Espanha, França, Suíça, Holanda, Estados Unidos, Japão, Argentina, China e Austrália. Retornou ao Brasil em 2000, quando fundou com colegas de faculdade o grupo de samba Sururu na Roda. Ela também já cantou e tocou ao lado de grandes nomes da música popular brasileira e internacional, como Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Jair Rodrigues, Olívia Hime e Sadao Watanabe. Mesmo com tanto tempo de carreira, ela faz parte da nova geração de sambistas que vêm renovando o estilo e conquistando os jovens. “Essa renovação existe há uns 15 anos e está se mantendo em um nível bacana e bem colocado. Fico muito feliz de fazer parte dessa geração e fazer com que pessoas mais jovens se interessem pelo samba”, explica a instrumentista, que também acredita que exista uma combinação de fatores para que o samba esteja hoje no patamar que está. “É a volta às raízes”. Paralelo ao trabalho com o Sururu na Roda, Nilze investe também em sua carreira solo. Seu CD “O que é meu”, foi premiado nas categorias Melhor CD e Melhor Cantora no Prêmio da Música Brasileira – Samba na Lapa. A essência dos dois trabalhos é o samba, mas existem algumas diferenças. “A sonoridade muda um pouco. No trabalho solo entra baixo, bateria, mudam os instrumentos. O repertório é diferente porque, além do samba, tem um pouco de toada e forró”, revela. Em sua primeira apresentação na capital paraense, a sambista apresenta clássicos do samba e parte do seu repertório próprio com canções do disco “O que é meu”. Para esse show, ela toca com uma banda formada especialmente para esse show, composta por músicos paraenses.Fonte: Diário do Pará