quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

WANDO MORRE AOS 66 ANOS

Um dos principais ídolos da música popular romântica brasileira, o cantor Wando, 66, morreu por volta das 8h de ontem, por complicações decorrentes de um infarto sofrido havia duas semanas. Wanderley Alves dos Reis estava internado num hospital em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, desde o dia 27 de janeiro. Após o infarto sofrido na madrugada do dia 28, Wando passou por uma angioplastia para desentupir artérias, foi sedado e começou a respirar por aparelhos. Nos últimos dias, havia melhorado. Acordou, se comunicava por gestos e conseguia respirar sem auxílio de aparelhos. Passou por uma traqueostomia para preservar sua voz e, na terça-feira, chegou a tomar iogurte. Mas piorou durante a madrugada. O cardiologista Joel Teles disse que o excesso de peso pode ter sido uma das causas do entupimento das artérias do cantor. Ao entrar no hospital, Wando pesava 110 kg. O enterro do cantor será na manhã de hoje, em Belo Horizonte. Wando deixa a mulher, Renata Costa Lana e Souza, que estava com ele no momento da morte e quatro filhos. Wando foi cantor de grande apelo popular desde os anos 1970, quando estourou com o hit “Moça”, da trilha da novela global “Pecado Capital”, de 1975. A balada dizia: “Moça/ Sei que já não é pura/ Teu passado é tão forte/ Pode até machucar”. Conquistou 19 discos de ouro, sete de platina e dois de diamante. Segundo suas próprias contas, Wando vendeu cerca de 10 milhões de cópias dos seus mais de 20 álbuns. Cultivava a imagem de mulherengo sedutor. Colecionava calcinhas que ganhava das fãs tinha milhares delas. Na manhã de ontem, a morte do cantor era o assunto mais comentado do Twitter no Brasil e no mundo, com hashtags como #R.I.P. Wando (iniciais em inglês para “descanse em paz”) e #calcinha pretaday. Nascido numa fazenda em Bom Jardim, região de Cajuri (MG), Wando foi criança para Juiz de Fora e morou em Volta Redonda, Congonhas do Campo, Rio e São Paulo. Começou com o samba, tendo duas músicas gravadas por Jair Rodrigues (que o lançou na carreira): “O Importante É Ser Fevereiro” (71), que viraria sucesso de Carnaval, e “Se Deus Quiser” (72). “Gloria a Deus e Samba na Terra” (1973), o primeiro álbum com seu nome na capa, tinha, segundo Wando, influência de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil. No álbum “Gosto de Maçã” (1978), começa a se insinuar o espírito “obsceno” que, a partir dos anos 1980, se solidificaria, tornando Wando um personagem, um gênero musical, quase um adjetivo. Quando descobriu que era esse o seu nicho, correu atrás do tempo perdido. “Vulgar e Comum É Não Morrer de Amor” (disco de 1985, onde estão os hits “Fogo e Paixão” e “Chora Coração”) marca o território e com um título que, enquanto reclama do rótulo “vulgar”, o toma para si de uma vez.